Pará poderá ser o último estado a entregar seu relatório e o primeiro a criar mecanismos de não repetição

PARLAMENTO PARAENSE CRIA LEI DE EDUCACÃO PELA MEMÓRIA
Lei Estadual no Pará protagoniza
exemplo inédito na Educação Pela
Memória.
Os paraenses estão a um passo de
reescrever a história dos direitos
humanos à luz da Verdade, Memória
Reparação e Justiça.
SEMANA ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO PELA MEMÓRIA
A lei estadual da Semana de Educação pela Memória, é de autoria do deputado estadual, Carlos Bordalo (PT), e já orienta para o ano de 2023 que as escolas e universidades realizem debates, roda de conversa, videoconferências, concurso de redação, que estimule o tema, para sua não repetição. Os docentes do ensino estadual serão convidados para uma videoconferência, que contará com a participação, de figuras de renome internacional na área, promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Alepa.
RELATÓRIO PAULO FONTELES
FILHO
A criação da Lei 7,802 de 31 de marco de
2014, foi uma luta política longa, que
dialogava com a consciência social e
democrática, porque o Pará não é qualquer
estado nesse contexto. O Pará é um estado
que foi muito atingido. A Amazônia como um
todo, [embora] ainda invisibilizada e pouco
conhecida. O relatório da CNV nos deu boas
indicações. Uma delas é do genocídio
indígena. A comissão indica que mais de
nove mil pessoas foram mortas na
Amazônia. Isso cala muito fundo. E ainda
sobre os camponeses. Essa matança e esse
modus operandi que não se encerrou na
Amazônia paraense.
Foi uma luta longa. Cercamos a Assembleia, conversamos
com deputados, fizemos reuniões, mostras de cinema, a
gente fez muita atividade. E esse próprio relatório explica esse
esforço que nós realizamos. E nós conseguimos de fato. Com
toda enrolação dos tucanos aqui. Por exemplo, nós criamos o
comitê em março de 2012 e a comissão só foi instalada em
setembro de 2014. Foram mais de dois anos de luta. O fato de
Paulo Fonteles Filho participar dos grupos de trabalho (do
Tocantins e do Araguaia) permitiu fazer muita agitação, no
sentido de escrever artigos sobre o tema, de problematizar a
busca dos corpos e outras coisas. Fomos muito criticados,
também, porque uma parcela desse movimento de direitos
humanos repudiou a participação nesses grupos de trabalho
junto com o Exército. Mas nós fizemos uma leitura clara, que
era melhor estar ali dando e levando canelada do que ficar
em Belém, São Paulo e Brasília e Rio de Janeiro fazendo
guerra pela Internet. Vamos para o meio dos caras, para
encontrar essa turma! Não dava para deixar nas mãos dos
militares essa história.
A Lei 7.802 de 31 de março cria a Comissão da Verdade do Pará
No final do ano de 2016, o governo do estado (de Simão Jatene, do PSDB) demitiu todos os técnicos da CEV/PA, menos os membros. Eles só não acabam com a gente porque a lei não permitia. A lei diz que a Comissão só pode ser extinta com a entrega do relatório. Em outubro de 2017 falece Paulo Fonteles Filho, tendo paralisado quase por completo os trabalhos que dariam a escrita do documento. Sendo retomado em 2018, por iniciativa do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alepa, Carlos Bordalo, Sociedade Paraense em Defesa dos Direitos Humanos, Marco Apolo e Armazém Memória, Marcelo Zelic. Tendo a Coordenação Geral, Angelina Anjos, que acompanhou desde sempre o trabalho.
A ENTREGA DO RELATÓRIO
PAULO FONTELES FILHO
No dia 31 de março de 2023, na Assembleia Legislativa do Estado do Pará, será entregue o documento histórico, que conta toda atrocidade ocorrida neste território.
Uma das recomendações do Relatório da Comissão da Verdade do Pará é que o Estado realize a Secretaria e/ou Diretoria do Passado Recente.
Pará poderá ser o último estado a entregar seu relatório e o primeiro a criar mecanismos de não repetição
O governo trabalha para aprovar lei que cria a Secretaria de Igualdade
Racial e Direitos Humanos, que terá à frente, o ex-presidente da
OAB/PA, Jarbas Vasconcelos. Foi Jarbas Vasconcelos que sediou os primeiros trabalhos sobre Verdade, Memória e Justiça e sempre cultivou relação com os anseios da sociedade civil organizada.
Em uma só lei estadual, o Pará poderá ser o último estado a entregar
seu relatório e o primeiro a criar mecanismos de não repetição, a
secretaria tem o time certo para realizar a sonhada justiça de
transição. Para que nunca mais aconteça, democracia para sempre.
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